Nevado de anos, roxo de amargura,
do tempo sem memória me levanto.
Os séculos de treva e de clausura
de fel enrouqueceram o meu canto.
Sangrenta a crença, bárbaro o costume,
sofri as vergastadas do martírio.
Sem culpa nem perdão, em dor e lume,
morri perante as turbas em delírio.
Restou de mim tão pouco, um quase nada,
que vem gritar, do pó do esquecimento,
que a cinza do meu corpo dói, gelada,
à míngua do fulgor do pensamento.
Ampara-me o carinho que me chama
e lava a negação da minha lama.
José-Augusto de Carvalho
11 de Março de 2004.
Viana do Alentejo*Évora*Portugal
Migrando para este novo espaço.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Procuro ser uma pessoa honesta e reclamo das demais idêntica postura. E porque assim é, não será bem-vindo a este espaço quem divergir desta postura.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho