quarta-feira, 25 de setembro de 2013

25 - ADIL * Adil




Quando descobri a importância relativa dos blogues enquanto espaço de livre e responsável afirmação de quanto pretendemos comunicar, criei o blogue ADIL. Hoje, ponderando o intento, concluí pela impossibilidade da sua existência autónoma. Decido, por isso, transformá-lo em uma das partes constitutivas deste outro espaço.
Subordinado a esta etiqueta --- ADIL, começarei por transcrever o pouco já anteriormente publicado.
Assim me definia, então, enquanto alentejano no meu pátrio Alentejo. Assim continuarei.








segunda-feira, 22 de abril de 2013

24 - CURIOSIDADES * Perplexidade

Revisitando alguns papeis dispersos, encontrei uma «letra» escrita a pedido, em 12 de Outubro de 1999.
A pessoa que ma pediu, depois de lê-la e dizer-me estar conforme desejava, perguntou quanto me devia. Claro que lhe respondi ser o texto uma oferta. 
Até hoje, nunca soube o motivo por que a «letra» não terá cumprido o seu objectivo: ser cantada. Evidentemente que esta minha interrogação é de somenos. 
A «letra», que deixo aqui, pretende ser uma homenagem a Amália Rodrigues. Do seu mérito ou demérito ajuizará quem a ler. 



Foto Internet


EM LOUVOR DE AMÁLIA


Esta Lágrima sentida
é toda, no seu doer,
a Estranha forma de vida
sofrida do meu viver.


De Barco negro cativa,
chorando pelo meu cais,
ando na vida à deriva,
na fúria dos vendavais.


Num canto de primavera,
Foi Deus quem me disse: voa!
E depois me quis Severa
numa tela de Malhoa.


Foi Deus que me quis mulher,
tentação e desvario,
lavada do que quiser,
nas águas de um qualquer rio.


Que Deus me perdoe na hora
em que tudo se resume
a ser ou não ser aurora
de amor e cor e perfume.



Viana*Évora, 12/10/1999.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho

segunda-feira, 4 de março de 2013

10.05 - OS MEUS AMIGOS * Silas Corrêa Leite

...Para o Poeta

Para Décio Pignatari



“Estão todas as verdades/À espera de todas as coisas(...)
Eu acredito que torrões de barro/Podem vir a ser lâmpadas/
E amantes” – Walth Whitman (Leaves of Grass)

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Para o Poeta...
O sol se põe numa caixa de fósforos antiga
O arroz-doce feito com losangos de chocolate com menta é manjar dos deuses
Cerveja é rica em amizades boêmicas com muita fibra de suporte existencial
Os horizontes estão cheios de historias em quadrinhos em preto e branco
E as auroras são barbantes cor de rosa-pitanga dos deuses amando rebentos crepusculares...
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Para o Poeta...
Amar é céu e inferno; viver é livro como um uivo e morrer é orgânico
Crianças mesmo são envelopes de luz à espera de serem preenchidas por nódoas e tintas, vagidos e frutas
Velhos são sábios como tamarindeiros carregados de rubis fantasmas
Poemas são esparadrapos colados em cicatrizes íntimas de percursos inexatos pelas sofrências
Músicas são solos de silêncio para quem precisa de regra e lição, não de desenhos abstratos em humanismo de resultados...
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Para o Poeta...
A terra é um marmitex de Deus para o projeto trágico da vida, evitando ser rotina a viagem de existir na incompletude da pobre alma avelã
Para o Poeta...
Escrever é livre como um rio. As margens, correntezas e atoleiros, dependem das interpretações de quem se lê por suas próprias pegadas, promessas, luzes ou cavernas íntimas...
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Para o Poeta...
Nem tudo que reluz é fêmea, nem tudo que reluz é luz
E se a vida não lhe der limões, faz limonada de lágrimas de crocodilo...
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Para o Poeta...
O céu é o silencial, muito além daquele turvo infinital de garrafa pet
Quando um anjo maldito grita “Quem enlouquece sempre alcança”
E um eco sinistro retruca: “Deus ajuda quem cedo se insurge...”
Todos os nossos endereços podem ser passageiros
Porque nada é para sempre – nada existe para ser para sempre aqui e agora – nem uma vida só é pouco
Pois na casa do pai noiteadeiro há muitas geladas...
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Para o Poeta...
A alma dos lazarentos é feita de lápis de cor
A solidão é a melhor amiga do carrasco notívago
Como o travesseiro de nódulos de isopor é o único refugio para o remorso de um guerreiro noia inseguro
Com sua colcha de retalhos cheinha de estrelas de sangue

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Para o Poeta...
O impossível é escada para o porão, ou para o sótão. O difícil é aprendizado de renuncias com rivotril e comital, pois o fígado faz mal pro álcool
E o trabalho é uma pobre terapia que depois vira neura contemporânea de grosso calibre, feito um revolver quente
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Para o Poeta...
Ser louco é uma forma de não se esconder na mesmice de tantas errações desvairadas
Mas fazer da inércia um belo sagu de groselha preta artificial made in china
E acreditar que a fé remove religiões...
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Por fim, para o Poeta
A vida telúrica é apenas um gomo da cruz adâmica, da maçã podre da espécie, do papiros secretos feito de casca de laranja, e do espírito atribulado que ferra o ente sensível...
E o inferno e o céu em nós, pobres mortais na manada
Somos nós que fazemos – na vida o final feliz é que todos morrem –vivendo e sofrendo, morrendo e aprendendo
E escrevendo bulbos de desespelhos, como se voando com remos
Assim na terra como no céu...

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Cyber Poeta Silas Correa Leite
Santa Itararé das Artes-SP/Brasil
E-mail: poesilas@terra.com.br
WWW.portas-lapsos.zip.net