terça-feira, 24 de novembro de 2009

35 - CANTO REVELADO * Ibéria



Os Pirenéus são a fronteira natural.
Aquém se estende a Ibéria…
…deslumbrando-se nos poentes incendiados
donde lhe acena o Novo Mundo!
…encantando-se nos mistérios do Meio-dia,
onde adivinha maravilhas de ébano
e rotas salgadas de pimenta e canela!


Lê nas estrelas o destino da largada!
O pátrio solo ibérico apenas é o cais,
o cais determinando a partida inevitável
para o mundo ignoto que chama, chama, chama!…
É a predestinação!
E vai, sobre as ondas lavadas de aventura e liberdade,
abraçar o longe, que mora além do medo e da renúncia!
E deixa para trás as terras de Espanha
e as areias de Portugal!
No cais da largada, ficam as viúvas do medo
acenando o adeus soluçante,
que será ou não
o adeus de nunca mais!
Os lenhos singram ligeiros nas rotas da tontura!
Os mastros gemem, gemem… mas não quebram!
As velas, prenhes de longe e de evasão,
voam na distância, mais e mais!
E os lenhos enfrentam o Cabo Não!
E dobram o Cabo Não!
E vão até ao Fim do Mundo!


Além dos Pirenéus, expectante,
um mundo outro que escolhera ficar,
assumindo a separação definitiva.




José-Augusto de Carvalho
5 de Agosto de 2008.
Viana do Alentejo *Évora * Portugal





Migrando para este novo espaço.

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José-Augusto de Carvalho