terça-feira, 24 de novembro de 2009

04- TEMPOS DO VERBO * O elogio deste chão


Lá vai o nefelibata
nas asas dum passarinho!
Na sua lira de prata,
vai dedilhando, baixinho,
as notas duma canção
que não diz sim nem diz não…

Além, nas nuvens, não há
a promessa deste chão…
Nem há, sequer, o maná
que, lendário, já foi pão…
Só, na saudade do mar,
o sonho de regressar…

Eu sou filho deste chão.
Com o meu suor amasso
a farinha do meu pão,
que é de trigo e de cansaço.
Onde há beleza mais rara
do que o pão que há na seara?

O céu eu tenho por tecto.
É no chão que se autentica
a certeza do projecto
que sou e me justifica…
E sou, nos versos que escrevo,
tudo quanto chão me devo…


José-Augusto de Carvalho
2 de Julho de 2008.
Viana * Évora * Portugal

Migrando para este novo espaço.

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José-Augusto de Carvalho