Lá vai o nefelibata
nas asas dum passarinho!
Na sua lira de prata,
vai dedilhando, baixinho,
as notas duma canção
que não diz sim nem diz não…
nas asas dum passarinho!
Na sua lira de prata,
vai dedilhando, baixinho,
as notas duma canção
que não diz sim nem diz não…
Além, nas nuvens, não há
a promessa deste chão…
Nem há, sequer, o maná
que, lendário, já foi pão…
Só, na saudade do mar,
o sonho de regressar…
Eu sou filho deste chão.
Com o meu suor amasso
a farinha do meu pão,
que é de trigo e de cansaço.
Onde há beleza mais rara
do que o pão que há na seara?
O céu eu tenho por tecto.
É no chão que se autentica
a certeza do projecto
que sou e me justifica…
E sou, nos versos que escrevo,
tudo quanto chão me devo…
José-Augusto de Carvalho
2 de Julho de 2008.
Viana * Évora * Portugal
Migrando para este novo espaço.
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José-Augusto de Carvalho