sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

02 - POSIÇÃO - Em tempo de ponderação - 2


Reiterando o meu texto anterior subordinado ao mesmo título (Em tempo de ponderação), convirá acrescentar:

1- Abandonei o  título «O Alentejo não tem sombra...», porque soube, entretanto, já haver um livro com este título. Foi substituído por «Harpejos», mantendo o subtítulo «Cantares». Considero adequados o título e o subtítulo porque o livro é constituído por vinte e cinco poemas, todos intitulados Cantares («Cantar 1», cantar 2», etc). Apenas o poema inicial, que se apresenta como pórtico, tem o título «Paisagem».

2- Em Outubro passado, publiquei «Pátria Transtagana», uma homenagem à região que me viu nascer e às suas/minhas gentes.

3- Além da anunciada colectânea «Esta lira de mim!...», outras tenho preparadas e em preparação.  Não sei, neste momento, quando serão publicadas, porque os editores não arriscam sem a garantia de comercialização assegurada e eu não tenho possibilidade de suportar o dispêndio da edição.

Por agora, é tudo quanto me apraz dizer a quem me lê. 

Evidentemente que continua disponível o espaço onde arquivo as colectâneas projectadas. Aqui fica o endereço: http://meustemposdoverbo.blogspot.com.


Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
26 de Dezembro de 2014.
Viana*Évora*Portugal


domingo, 21 de dezembro de 2014

34 - CLAVE DE SUL * Falar simples







Não escrevas estranhas palavras 

que eu não sei decifrar.

Fala simples no simples falar

com que falas às terras que lavras.



Vem falar-me das dores dos partos

das ovelhas ao frio paridas

e das sôfregas arremetidas

dos seus anhos aos úberes fartos.



Vem falar-me da ordenha

e do leite coalhado…

Quem desdenha

umas sopas de almece abafado?



Deixa as altas montanhas

e os sermões dos antigos

vai buscá-los nas fundas entranhas

onde ocultos germinam os trigos...



Onde oculta germina a promessa

do cativo devir prometido...

onde tudo começa:

a certeza do pão repartido.



José-Augusto de Carvalho
21 de Dezembro de 2014.
Viana * Évora * Portugal


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

14 - ESCAPARATE * Pátria Transtagana






No dia 11 de dezembro recebemos, na Biblioteca Escolar, o poeta José-Augusto de Carvalho para apresentação do seu livro "Pátria Transtagana".

Este evento integrou-se na Feira do Livro e na comemoração da Semana dos Direitos Humanos e contou com a presença do autor do prefácio, Coronel Andrade da Silva, e da autora do posfácio, Professora Maria do Céu Pires, docente na nossa escola.


Pelos laços de admiração e estima que a ligam ao poeta, esteve connosco a Profª Bibliotecária Rosa Barros, do Agrupamento de Escolas de Viana do Alentejo.


A todos agradecemos a presença e o privilégio de nos terem proporcionado momentos de grande significado. A José-Augusto Carvalho deixamos os nossos sinceros parabéns pela sua obra.


Bem hajam!

Cláudia Marçal, Professora Bibliotecária

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

05 - ESTA LIRA DE MIM!... * Angústia







Morre-me o coração

nos versos da canção

de ninar-me



Versos no coração

a sangrar a canção

e a matar-me



Ah, versos impossíveis

tão apenas audíveis

na saudade

deste tempo que invento a desoras

onde sei que tu moras

de verdade





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 18 de Dezembro de 2014

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

29 - CRÓNICAS * O encargo de escrever


Escrever é comunicar.

Quem escreve tem ou supõe ter algo a dizer ao outro.

Quem lê determinará se o que leu foi útil ou uma perda de tempo, do seu tempo de cidadão e leitor.

Escrever é trabalhoso, é mal pago, pode ser um prejuízo material.

Vejamos:

É trabalhoso porque escrever exige horas de estudo e de ponderação, exige consultas e recolha de dados e despesas daí decorrentes;

É mal pago materialmente porque sempre se considerou de somenos o trabalho intelectual; e é mal pago ainda quando não há o reconhecimento por parte das entidades públicas e privadas que da Cultura se reclamam;

Pode ser um prejuízo material quando quem escreve tem de pagar as edições para o seu trabalho chegar ao leitor.

*

Além de quanto antecede, há ainda a situação de quem escreve evitar a edição dita de autor, daí preferir a chancela de uma editora. E esta preferência decorre de ser comum entender-se que a edição de autor determinará menor qualidade do texto editado, pois texto de qualidade terá sempre editora disposta a editar.

Esta verdade feita tem feito o seu caminho na nossa sociedade. Infelizmente.

E aqui levanta-se outra dificuldade para o autor se não for autor consagrado, logo dando garantia comercial ao editor. E a dificuldade é a de ter de pagar a edição e receber uns quantos exemplares do seu livro, os quais, se conseguir comercializá-los, lhe permitirá recuperar o dispêndio. Os restantes exemplares ficarão propriedade da editora, que os comercializará, deles pagando por direitos de autor 10% (ou pouco mais) do preço de capa.

Ponderada esta situação relatada, pergunta-se por que motivo o Estado (do Ministério da Cultura às Juntas de Freguesia) não procura soluções para analisar as obras que lhe sejam submetidas por muitos autores que temos e a esse critério adiram e depois publica as que forem consideradas merecedoras do dispêndio do erário público?

Seria a promoção da palavra escrita e um serviço público à Cultura. E mesmo que seja de atender ao binómio custo-benefício, retorno haverá, certamente.

Evidentemente que para além da palavra escrita, outras actividades na área da Cultura deverão merecer a mesma ponderada atenção.

Aqui fica, para que conste.


Até sempre!

Gabriel de Fochem
Alentejo, 15 de Dezembro de  2014.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

05 - ESTA IRA DE MIM * Na ansiedade da espera




De fim em fim, eu sempre recomeço…

Que Tempo vário em tempos repartido!

Viagens de aflição… e sempre, no regresso,

o sonho por haver no sonho prometido!...



A Vida, em seu viver, me quer e me consome,

querendo sempre mais e mais de mim!

Bendita sejas tu na tua fome

de aromas de poejo e de alecrim!



Em ti, eu soube do sabor a sal

e deste céu em chamas, ao sol-posto,

quando o descanso enfim me retempera.



Que venham amanhãs de sol e mosto

no vinho novo --- anseio desta espera ---

e eu possa ainda desfrutar-lhe o gosto…





José-Augusto de Carvalho
30 de Outubro de 2014.
Viana*Évora*Portugal
(Recuperando textos antigos)