Vocês vieram depois
das trevas da noite densa
e encaram com displicência
os medos da nossa insónia...
Vocês vieram depois
dos tempos das grandes fomes,
quando nos negaram ter
nosso tempo de meninos...
Vocês vieram depois
do tempo da delação,
das masmorras e torturas
de todos os tarrafais...
Vocês vieram depois
do tempo náusea e vergonha
em que tínhamos vergonha
do medo que sufocava...
Vocês vieram depois
e nem sequer lhes ocorre
que nós arriscámos tudo
para erguer este depois...
Vocês vieram depois
e não nos devem nada...
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 3 de Setembro de 1996.
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