quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

36 - TEMPO DE SORTILÉGIO * Aforismos




É quando a morte chega à Feira das Vaidades
que ganha nitidez a nossa condição.

É quando o sal amarga e queima as veleidades
que a morte nos reduz à nossa dimensão.

É quando a luz do sol, cegando o vaga-lume,
esmaga a pequenez da néscia presunção.

É quando por grasnar chilreio se presume
que uma qualquer lamúria intenta ser canção.

É quando a Lua-cheia incita à tentação
que a noite se revela enleio enamorado.


É quando não há mais varinhas de condão

que o charlatão se quer o príncipe encantado.

É quando já ninguém consegue acreditar
que o verso em armas faz da vida o seu altar.


José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo * Évora * Portugal
In «Da humana condição», 2008

Sem comentários:

Enviar um comentário

Procuro ser uma pessoa honesta e reclamo das demais idêntica postura. E porque assim é, não será bem-vindo a este espaço quem divergir desta postura.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho