Os longes da memória --- o tempo e o modo
renascem, inventados, água e lodo.
Rasgando a treva, a chama dum farol.
Por montes, vales, plainos surge o trilho.
O múrmuro trinar do rouxinol
pousou no choro brando do teu filho.
E, de montante, o rio rumoreja,
espreguiçando a doce melodia.
P'los campos, o olivedo que esbraceja,
candeia que há-de ser já anuncia.
Na calma santa e mítica de luz,
a vida sonha e quer-se imaginário.
O tudo e o nada, o todo se reduz
ao berço do infinito planetário.
José-Augusto de Carvalho
In «tempos do verbo», 1990.
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