quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

05 - ESTA LIRA DE MIM!... * Poema para Maria


Os longes da memória --- o tempo e o modo
renascem, inventados, água e lodo.

Rasgando a treva, a chama dum farol.
Por montes, vales, plainos surge o trilho.
O múrmuro trinar do rouxinol
pousou no choro brando do teu filho.

E, de montante, o rio rumoreja,
espreguiçando a doce melodia.
P'los campos, o olivedo que esbraceja,
candeia que há-de ser já anuncia.

Na calma santa e mítica de luz,
a vida sonha e quer-se imaginário.
O tudo e o nada, o todo se reduz
ao berço do infinito planetário.

José-Augusto de Carvalho
In «tempos do verbo», 1990.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Procuro ser uma pessoa honesta e reclamo das demais idêntica postura. E porque assim é, não será bem-vindo a este espaço quem divergir desta postura.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho