Escrever é comunicar.
Quem escreve tem ou supõe ter algo a dizer ao outro.
Quem lê determinará se o que leu foi útil ou uma perda de tempo, do seu tempo de cidadão e leitor.
Escrever é trabalhoso, é mal pago, pode ser um prejuízo material.
Vejamos:
É trabalhoso porque escrever exige horas de estudo e de ponderação, exige consultas e recolha de dados e despesas daí decorrentes;
É mal pago materialmente porque sempre se considerou de somenos o trabalho intelectual; e é mal pago ainda quando não há o reconhecimento por parte das entidades públicas e privadas que da Cultura se reclamam;
Pode ser um prejuízo material quando quem escreve tem de pagar as edições para o seu trabalho chegar ao leitor.
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Além de quanto antecede, há ainda a situação de quem escreve evitar a edição dita de autor, daí preferir a chancela de uma editora. E esta preferência decorre de ser comum entender-se que a edição de autor determinará menor qualidade do texto editado, pois texto de qualidade terá sempre editora disposta a editar.
Esta verdade feita tem feito o seu caminho na nossa sociedade. Infelizmente.
E aqui levanta-se outra dificuldade para o autor se não for autor consagrado, logo dando garantia comercial ao editor. E a dificuldade é a de ter de pagar a edição e receber uns quantos exemplares do seu livro, os quais, se conseguir comercializá-los, lhe permitirá recuperar o dispêndio. Os restantes exemplares ficarão propriedade da editora, que os comercializará, deles pagando por direitos de autor 10% (ou pouco mais) do preço de capa.
Ponderada esta situação relatada, pergunta-se por que motivo o Estado (do Ministério da Cultura às Juntas de Freguesia) não procura soluções para analisar as obras que lhe sejam submetidas por muitos autores que temos e a esse critério adiram e depois publica as que forem consideradas merecedoras do dispêndio do erário público?
Seria a promoção da palavra escrita e um serviço público à Cultura. E mesmo que seja de atender ao binómio custo-benefício, retorno haverá, certamente.
Evidentemente que para além da palavra escrita, outras actividades na área da Cultura deverão merecer a mesma ponderada atenção.
Aqui fica, para que conste.
Até sempre!
Gabriel de Fochem
Alentejo, 15 de Dezembro de 2014.
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