Mais um Inverno frio nos deixava…
Mais uma Primavera prometia…
E sempre uma esperança pontilhava
de estrelas este céu que se fechava
ao rútilo esplendor dum claro dia!
E sempre esta esperança que morria
em cada frustração que nos matava!
E sempre o desespero arremetia
na força renovada que nos dava
a Fénix que das cinzas renascia!
Ai, tanto se morria e renascia!
E sempre esta esperança acalentava.
Que fértil terra de húmus e porfia
a força dava à força que faltava
nas horas em que a vida mais doía?
De sangue e desespero se amassava
o pão que noite adentro se comia!
De sol a sol, o corpo tudo dava
a troco duma jorna que minguava
enquanto o desespero mais crescia.
Ah, mas, na sombra, a noite murmurava
enleios, numa terna melodia!
E antes de adormecer, já madrugava
nos versos da canção que prometia
livre e fraterna a terra que chegava!
Chegava a Liberdade que cantava
lusíada, em feliz polifonia,
o fim do pesadelo que matava
no dia todo em luz que despertava
a vida que chorava de alegria!
O pátrio povo em armas devolvia
o berço que das trevas libertava
ao povo que sem armas acudia.
E um povo todo irmão se estremecia
no imenso e terno abraço que se dava.
Navegar é preciso, prometia,
agora que o viver se precisava!
Nos braços embalada, a pátria ouvia!
E quanto mais ouvia mais se dava
ao sonho que se ousava e florescia.
José-Augusto de Carvalho
27 de Outubro de 2014.
Viana*Évora*Portugal
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José-Augusto de Carvalho