Do vento que enfunou as níveas velas
das velhas caravelas de quinhentos,
só resta o Fado, triste, nas vielas,
vestido de saudade e de lamentos.
Poetas loucos há, de Norte a Sul,
buscando, no sabor da maresia,
com Sá-Carneiro, um pouco mais de azul,
no céu da decadência amarga e fria.
Na minha voz ecoam outras vozes,
as vozes que eu herdei e que mantenho,
perenes de manhãs de apoteoses.
Memória do que foi o velho lenho,
nas asas haverá dos albatrozes
ou vivo no palor de algum desenho...
José-Augusto de Carvalho
13 de Janeiro de 2007
Viana do Alentejo * Évora / Portugal