terça-feira, 17 de abril de 2012

08 - AL ANOCHECER * Sí, Madre!...

Dolores Ibarruri  (La Pasionaria)



Sí, Madre, No pasarán!

Cargadas de plomo,
las nubes llegan del Sur!...
Y vuelan con alas rojas
de sangre y dolor...

Ay, mi brujo de Granada,
donde estás ahora?

Ay, mi brujo de Granada,
donde están tus versos
echos de alas en el aire?

Ay, mi Federico,
donde están tus niñas
mirando a la luna?

Por llanuras y montañas,
más arriba, hasta Madrid,
vuelan las nubes de sangre!

Sí, Madre, No pasarán!

La lluvia ahoga la tierra,
con olas de miedo y rabia!

Ahora, vive en el aire
solamente el grito,
no, No pasarán!

Sí, Madre, No pasarán!
No pasarán mas allá
de las orillas del río
del llanto de nuestros muertos!

Sí, Madre, No pasarán!
mas allá del verde
besado por el rocío
de nuestro amanecer
en cada dia que nace...


José-Augusto de Carvalho
29/9/2010.
Viana*´Évora*Portugal























quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

24 - CURIOSIDADES * Revisitando a juvenília

Arrumando e rearrumando papeis antigos, na presunção de manter viva a lembrança de um tempo que irremediavelmente desapareceu na voragem do movimento planetário que gera e cavalga o tempo, encontrei estes versos da juvenília. São dois glosamentos em forma imitada de Bocage. Não importa, agora, a qualidade; apenas dou a conhecer o que eu escrevia e como escrevia, na adolescência. Revisitar o passado é, muito vezes, acariciar a memória do que fomos.


I

O PENEDO

Oh, alta serra das neves
donde o penedo caiu!...
Ninguém diga o que não sabe
nem afirme o que não viu!

(quadra popular)

1
Nas asas do pensamento,
que nunca as houve mais leves,
encontrei-me, num momento,
«oh, alta serra das neves»,
no teu cume de cristal,
onde o reino vegetal
jamais medrou ou floriu!
Lá vi, do alto duma fraga,
essa parte, agora vaga,
«donde o penedo caiu».

2
Pelos fraguedos rolando,

que a desgraça a todos cabe,
foi ao mundo aconselhando:
«ninguém diga o que não sabe!»
Do tumular desfiladeiro,
já no esforço derradeiro,
que a voz do eco repetiu
por vales e por montanhas,
ainda arrancou das entranhas:
«nem afirme o que não viu!»


II

LUTA INTERIOR

Comigo me desavim,
sou posto em todos o perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.

Francisco Sá de Miranda
(1481-1558)

1
Cansado de procurar

a Lei do Princípio e Fim,
sem a poder encontrar,
«comigo me desavim».
Que razão em vão procuro
do Passado e do Futuro?
Como louco me persigo!
Quero hoje, amanhã não quero!
E, com tanto desespero,
«sou posto em todo o perigo».

2
Este viver, mar de fel,

a todo o instante maldigo.
Não posso viver com ele,
«não posso viver comigo»!
Esta vida, este martírio,
este constante delírio,
só na morte terá fim...
Meu destino está traçado:
Não posso fugir do Fado
«nem posso fugir de mim»!

Nota:
Textos com uma única publicação, no jornal República (suplemento República das Letras e das Artes), em 27 de Agosto de 1965.
Cordiais saudações.